A era PT foi mesmo um paraíso do crescimento econômico?

Aqui temos uma dimensão real  do que realmente significou o milagre econômico na era Lula.

Quando analisado do ponto de vista relativo deixa de ser um milagre. Já falei sobre isso no passado, mas nunca é tarde para retomar, em uma era que a verdade tem sido tão chicoteada.

A renda per capital por paridade de capital, quando atualizado monetariamente para a mesma base, é um meio excelente de medir a prosperidade média da população.

Obviamente, ele não dá conta da desigualdade, mas é  um bom ponto de partida. Não está aqui se negando que o governo Lula expandiu muito o Bolsa Família que era denominado Bolsa Escola no tempo do FHC.

Os dados, via FMI, estão todos aqui e estão  todos atualizados monetariamente para os dias atuais.

Os melhores países para se comparar com o Brasil, em termos de desenvolvimento, não é o BRICS , ou a Europa ou os Estados Unidos. É a  própria América do Sul, expurgada da Argentina e Venezuela, que tiveram comportamentos atípicos no período. São países em desenvolvimento com exportação de commodities. Estamos falando do Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai.

Aqui eu tomo a renda per capita com  paridade do Brasil nos períodos FHC1, FHC2, Lula1, Lula2 e Dilma, em relação à média da renda per capita com paridade desses 7 países em 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2015 (último ano inteiro da Dilma)

1994: 38,4% : último ano do Itamar - ano do Plano Real
1998: 25,2% : 1o governo do FHC -  o fim da inflação torpedeou o crescimento
2002: 37,7% : 2o. governo do FHC -  o crescimento relativo voltou. As bases estavam lançadas.
2006: 29,2% : 1o. governo do Lula -  o crescimento absoluto foi grande inegavelmente, mas relativamente o Brasil foi pior do que o resto da América do Sul. O mundo todo surfou bem.  Em resumo, poderíamos ter surfado melhor.
2010: 29,6% : 2o. governo do Lula - patinamos  com os outros países, porque a crise não nos apanhou tão de cheio a princípio.
2015: 11,6% : governo da Dilma - um desastre: perdemos 18% em 5 anos, proporcionalmente mais do que os 13% que os 4 anos do 1o. governo do FHC, mas sem nenhum dragão da inflação a ser morto, sendo que o auge da crise de 2008 já tinha passado.

Em resumo, só pelo renda per capita PPP, temos o seguinte ranking relativo:

1o) 2o. governo do FHC: +12,5% Melhora relativa s/ os 7 países da cesta da América do Sul.
2o) 2o. governo do Lula:  +0,4%
3o) 1o. governo do Lula:  -8,5%  Piora relativa s/ os 7 países da cesta da América do Sul
4
o) 1o. governo do FHC: -13,2%
5o) governo da Dilma:  -14,4% (pro rata de 5 anos para 4)

A queda total da era PT foi de  -22,5% relativo ao resto da América do Sul.

Pegue, por exemplo, o Peru, que é um dos exemplos mais marcantes de progresso na América do Sul. Em 2002, o Brasil tinha uma renda per capita com paridade do poder de compra 71,6% acima do Peru. Em 2015 essa diferença estava reduzida para apenas 27%. E qual o modelo de governo lá. É o oposto do que se entende por esquerda. Eu vi isso em uma viagem recente que fiz ao Peru. O progresso e visível.

Antes que alguém proteste, devo lembrar que essa análise é relativa, comparando-se o desempenho com países de uma cesta. É óbvio que o primeiro governo do Lula foi a era de maior crescimento do PIB e, portanto, da renda per capita.



Agora vamos ver a era Kirchner como um todo, sobre essa mesma cesta de 7 países: Nestor Kirchner assumiu em 2003 e a Cristina largou o osso no final de 2015:

2002: 47,8% - antes
2015: 45,3%depois -   uma queda de 2,5%, muito crescimento e muita queda durante esse longo período)



Falta a  Venezuela. É literalmente chocante. Lá continua a tal ditadura.

1998:
71,4%  - Último ano antes do Hugo Chávez - até 1997 era o país com maior renda per capita com paridade da América do Sul, em 1998 havia um empate técnico com a Argentina.
2016: -4,4%
2017: -13,4%
(projeção)


Eu viajei para a Venezuela  em 1998  por mais de 20 dias, conhecendo diferentes recantos e fiquei muito impressionado na época com a pujança.

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