Redes Sociais: quando uma mera idiotice vira apocalipse


A explosão das redes sociais no mundo tornou o mundo mais dramático e polarizado.

O ponto de partida foi a tal exposição no MAM de São Paulo apenas para convidados, que, entre outras coisas, exibia um homem pelado deitado no chão, no contexto de uma exposição “artística”.

Um vídeo vazou mostrando uma mãe acompanhada da filha de 6 anos, que  chegava a tocar em 2 partes desse homem.

Algo que antigamente aconteceria quase no anonimato, hoje assume um estardalhaço, como se o mundo fosse acabar nos próximos 5 minutos.


Há internautas dizendo que tudo isso faz parte de um plano maquiavélico para tornar em poucos anos a pedofilia legal. Isso seria um grande projeto da esquerda, que quer destruir a família, para tomar conta de tudo.

                     
Para tornar mais dramático, muitos divulgaram uma imagem, que eu tenho quase certeza que é fake, uma vez que não tem nada a ver com a tal exposição. A tal imagem, como se pode ver, mostra um homem pelado em pé dando a mão para 4 meninas, quase como se fosse um tipo de roda.

Vou dar minha opinião, que, com certeza, irá colidir com a opinião de muitos:


1) Eu jamais levaria meus filhos para ver uma exposição dessa natureza. Não acrescenta absolutamente nada, a não ser confusão, na mente de uma criança pequena. Anda mais sabendo que, em um mundo cheio de maldade, algum dia algum adulto mal intencionado pode tentar molestá-la de verdade. Não pode haver espaço para a criança achar que tocar ou ser tocada por um estranho possa ser algo natural. 

          
2) A mãe que conduz a filha para rodear um homem pelado tocando aqui e ali, deve ser pra lá de pós-vanguarda. Eu só gostaria de ver se como essa mãe “moderna” reagiria se a menina decidisse, por algum desígnio, tocar lá e, pior, se a parte tocada decidisse reagir. 

             
3) Quem diz que esse ato é incitação à pedofilia, está realmente exagerando. Achar que esse ato remotamente incita um adulto a fazer atos sexuais com uma criança é forçar demais a barra. Se assim fosse, a polícia precisaria invadir a casa de muita gente onde, por vezes, os pais aparecem pelados na frente de filhos pequenos.  As paquitas adolescentes da Xuxa na década de 90  aguçavam infinitamente mais a fantasia de um monte de barbados do que um cara nu deitado e imóvel. 

O problema maior, como eu disse antes, é o oposto. Esse tipo de interação, no meu entender, contribui, de forma acumulativa, a acostumar crianças a não temer estranhos, o que é ruim, porque estranhos podem ser perigosos, como todos sabem. 


Muitas pegadinhas lá fora, como essa, mostram como é fácil para um estranho abduzir uma criança pequena, a despeito de todos os conselhos que os pais dão para elas.
                                                              
4) Se chamo isso de arte? Para meu conceito pessoal, não. Acho simplesmente aleatório, como um quadro com um borrão de tinta ou uma lata de excremento. No entanto, arte está nos olhos de quem a vê. Não existe uma linha delimitada clara. Assim, pode haver pessoas que vão encarar isso como arte. Nos olhos dessas pessoas, assim será. Algumas das pinturas rupestres da idade da pedra eram extremamente toscas e poucos deixariam de considerá-las arte, pelo contexto histórico.

           
5) Se eu acho a tal performance artística completamente idiota? Sim, eu acho, mas outros podem não achar. Idiotice também é um conceito relativo.
             
6) O evento era fechado. Menores só entravam com seus responsáveis, que estejam na lista de convidados. Não acho que caiba censura nesse caso, nem na grande maioria dos casos, a menos que exista algo no evento que infrinja a lei. Por exemplo, se tivesse um quadro exposto mostrando sexo entre adultos e crianças, ele pode ser interpretado como uma incitação à pedofilia. Foi, por exemplo, o que aconteceu recentemente com as obras do artista britânico  Graham Ovenden.
                   
7) De fato, a Lei Rouanet não deveria financiar esse evento nem eventos comerciais em geral. Aliás, A lei Rouanet deveria ser totalmente reformulada. Hoje é apenas uma forma de uma empresa fazer Marketing de graça, as custas de queda de receita da federação.
            
8) Se o Itaú patrocinou esse evento, se o Santander patrocinou o outro evento, alguém que queira boicotar esses 2 bancos e continuar com banco privado, só restou o Bradesco, até que o Bradesco decida patrocinar um evento dessa natureza. No Brasil, somos vítimas de um tremendo oligopólio bancário, essa que é a verdade.

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