Por que privatizar é bom?


A planilha acima,  que disponibilizo para download justificar numericamente a pergunta do título e as conclusões são detalhadas abaixo:


Defender um estado grande é um dos pontos centrais da chamada esquerda, porque a agenda social é consenso entre a esquerda e a social democracia. Um "insulto" comum é rotular todos que não defendam o estado grande como neoliberal. Nada mais falso.  Defender a iniciativa privada, não significa necessariamente defender um estado fraco, onde as empresas e o capital financeiro façam o que quiserem.

Em relação à privatização, a minha tese é que o preço de venda da empresa pública para a iniciativa privada mais os tributos de uma empresa que cresce mais na gestão privada, superam os tributos menores mais a distribuição de lucros da empresa pública para o governo.

Há 2 questões básicas, que são premissas adotadas em doses moderadas pela planilha.

A empresa privada tende a ter maior lucratividade sobre receita

Uma empresa pública está presa em rígidos sistemas licitatórios, normas estritas de contratação por concursos (que nem sempre seleciona os mais aptos), dificuldades em demitir associados incompetentes, tudo em meio a uma enorme teia burocrática de trabalhos parcial ou totalmente inúteis.

Além disso, há mais possibilidade de desvios do que uma empresa privada, onde os donos ficam no cangote de todos, porque sabem que qualquer roubo sai do bolso deles mesmos.

Uma empresa privada tem vários algozes: os acionistas, o Conselho, a Justiça, a Sociedade e o próprio governo. Uma empresa pública tem basicamente a sociedade vigilante no seu encalço. O Conselho, a Justiça, os acionistas minoritários ficam sob a tutela ou controle do governo.

Por exemplo, no Conselho da Petrobras de 2006, apenas 4 dos 8 membros eram da iniciativa privada. Como a Dilma era presidente do conselho, ela tinha o voto de minerva. Mantega era um dos membros do conselho.

A empresa privada tende a ter maior percentual de reinvestimento

Há uma tendência de um maior percentual de reinvestimento dos lucros, uma vez que é a melhor maneira dos controladores multiplicarem seu dinheiro.

Quando a empresa é publica, a tendência é inversa, porque não é incomum o governo usar parte do lucro distribuído da empresa para cobrir seus déficits.

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Na planilha, supus uma empresa hipotética com receita de 100 bilhões anuais, onde o governo tem 51% de participação acionária e o controle da empresa. Supus ainda que a venda para a iniciativa privada da parte do governo tenha um multiplicador sobre o lucro de apenas 10, que é modesto. Perdoem minhas simplificações.

A partir daí, aumentei o percentual de reinvestimento de 60% para um nível que justifique, de forma bem conservadora, gerar um aumento anual de receita, líquida da inflação, de 10% para 12%. Adicionalmente, o aumento da eficiência, faz a lucratividade saltar de 15% para 18%. Trata-se, em ambas as métricas, de uma melhora de 20%, o que não é nenhum exagero. O valor de 15% de lucratividade pode ser alterado, uma vez que o tempo de payback não depende da lucratividade.

Com esses dados, demonstra-se que, mesmo nos 8 anos que a empresa pública rende mais que a empresa privada, o governo lucra 72,2 bilhões de reais. Depois dos 8 anos iniciais, a empresa privada estará aportando mais recursos para o governo do que a empresa pública!
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Aqui tem um artigo comparando desempenho de empresas estatais antes e depois de um processo de privatização.



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