11 razões porque o Estado é um péssimo gestor no Brasil


1) O Estado nada mais é do que uma gigantesca empresa, pretensamente sem fins lucrativos, de mesma forma que uma Fundação oficialmente se declara. O governo roda como se o dono (o povo) estivesse de férias permanentes. 

2) Fala-se em combater os monopólios, mas, se pensarmos bem, o Estado tem o monopólio de nos governar, através de seus gestores, pelo período que lhe foi outorgado pelas eleições. Seus gestores são eleitos de 4 em 4 anos, de forma quase irrevogável.

3) As pessoas que compõe um governo não são melhores nem piores do que as pessoas na iniciativa privada. São apenas seres humanos. A diferença é que a empresa privada é vigiada de forma impiedosa pelos próprios donos, que ficam nos cangotes dos gestores; ao contrário do "povo" na administração pública, que é apenas uma abstração. 

Os donos não querem ser roubados. É essa diferença que torna improvável que um negócio entre duas empresas privadas desfavoreça um lado em detrimento do outro. Exceto se um dos lados for trouxa. 

O mesmo não pode ser dito sobre a relação entre uma empresa privada A e a administração pública direta ou indireta P: não é difícil que pessoas de A deem dinheiro para pessoas da P para favorecer A e lesar P. Afinal, os donos ("povo") de P não estão presentes. Lesar P gasta um dinheiro que é do povo, ou seja, de forma concreta, de ninguém. Lesar P não lesa as pessoas de P. Muito pelo contrário. Aquelas envolvidas na negociata ganham!

4) As eleições, que pretensamente dão poder ao povo de influir na Política, não são de fato uma plataforma de debate de ideias e nem poderia ser, pelo nível médio de educação de nosso povo.

5) As eleições vendem candidatos como a TV vende shampoo. Não passam de um grande evento de Marketing com data marcada, recheado de comícios, eventos, superproduções e toda a sorte de material impresso e audiovisual. Reparem que o marqueteiro costuma de longe ser o profissional mais bem pago de todas as funções, em um processo eleitoral.

6) Essa festa toda tem um preço muito alto. Sendo assim, os eleitos, especialmente em cargos majoritários, têm uma dívida muito elevada com os seus "desinteressados" doadores. Isso vale para o Executivo e também para o Legislativo. 

O pagamento dessa dívida implica em leis, decretos, desonerações, subsídios, créditos, benefícios, etc.; direcionando a atuação do Estado para atender a essas "demandas"; muito mais do que qualquer pleito da população. Para esses resta principalmente uma retórica bonitinha, que não vai muito além dos palanques e entrevistas à imprensa, necessários para o processo de sedução, que se consumará nas próximas eleições.

7) O grau de controle sobre o Estado é muito baixo. As empresas privadas são vigiadas pelo governo e por instâncias como Conselhos, que costumam ter uma boa independência em relação à gestão. No entanto, ninguém vigia o próprio governo. Na administração pública ou em uma empresa pública, mesmo quando existe; conselhos, assembleias de acionistas e gestores são tudo uma geleia só.

8) O Judiciário tem meios e independência limitados, uma vez que a indicação para as cortes superiores é feita a partir de indicações do Legislativo e Executivo. Tudo isso se agrava no Brasil, devido à morosidade que lhe é notória.

9) O Legislativo tem, no geral, um padrão ético muito baixo, porque todo seu corpo é formado por pessoas eleitas em um jogo de moedas viciadas, desde a indicação para concorrer até o coroamento do resultado das eleições.

10) Para coroar tudo isso, o presidencialismo no Brasil é uma anomalia que promove uma relação promíscua entre o Executivo e o Legislativo, que vem se perpetuando desde o fim da Ditadura. Isso cria o câncer de um loteamento maluco de cargos de todos os quilates, que são uma verdadeira mina de ouro para os indicados e seus respectivos partidos. Nos cargos mais importantes, o salário é apenas um detalhe.

11) Exemplos de empresas públicas bem-sucedidas na Inglaterra (como a BBC ou o sistema de saúde pública) ou na Escandinávia, são sempre citadas como exemplo de que a coisa pública pode ser bem gerida. Sim. Isso é inegável, independente da ideologia de cada um.

Só que esse cenário idílico está muito longe de poder ser transportado para o Brasil ou para a América Latina. É outra cultura, outra educação e outra ética. 

Muito pelo contrário. A América Latina, junto com a África, apresenta uma corrupção endêmica, como reconhecem a grande maioria dos rankings internacionais.

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